sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Recursos Humanos: uma área em constante transformação

O panorama organizacional enfrentou e teve que se adaptar a muitos processos de mudanças. Hoje não é possível fingir que nada acontece e simplesmente deixar passarem despercebidos determinados acontecimentos que de forma direta ou indireta impactam na vida das empresas. Tentar tapar o sol com a peneira é um risco para a sobrevivência de qualquer empresa, seja qual for seu ramo de atuação e porte. "O que observamos é que a carga para os profissionais está excessiva e não me refiro às horas de trabalho. Refiro-me à carga psíquica que é imposta aos profissionais". Esse alerta é dado por Willyans Coelho, diretor executivo do RH.com.br, ao analisar as transformações que ocorreram nos últimos anos e que influenciaram diretamente a atuação dos profissionais de Recursos Humanos.

Se antes o RH tinha uma função mais burocrática, a realidade mostra que a área é chamada para ser um parceiro estratégico do negócio. E isso, por sua vez, não significa estar presente fisicamente às reuniões. O profissional de RH precisa e deve apresentar informações concretas que demonstrem a viabilidade ou não de uma determinada ação a ser implantada na empresa. "No momento atual, as exigências são grandes diante do trabalho desenvolvido pelos profissionais de RH. As empresas estão mais complexas e o RH tem que caminhar junto", defende Willyans Coelho. Em entrevista concedida ao RH.com.br, ele faz uma faz uma análise do contexto corporativo e revela suas preocupações em relação ao futuro da área. Confira a entrevista na íntegra e reflita sobre o assunto. Boa leitura!

RH.COM.BR - Em 1999, o Sr. aliou sua paixão pela área de RH à Tecnologia da Informação. O resultado foi a criação do RH.com.br. De lá para cá, que avanços e retrocessos foram observados nas organizações brasileiras?
Willyans Coelho - Nesses últimos anos podemos observar diversos avanços na área e o principal deles foi a preocupação de se alinhar o trabalho do profissional de Recursos Humanos às estratégias organizacionais. É claro que esse processo tem evoluído ao longo dos anos, mas o RH Estratégico é sem dúvida alguma a grande evolução nos últimos dez anos. Outro avanço que destacaria é a conscientização da área em relação ao seu papel diante da Responsabilidade Social tanto em relação ao público interno quanto ao seu entorno. No que se refere ao retrocesso observado, não diria que isso ocorreu por causa do profissional de Recursos Humanos em si. É óbvio que hoje as empresas tratam as pessoas com mais respeito. O que observamos é que a carga para os profissionais está excessiva e não me refiro às horas de trabalho. Refiro-me à carga psíquica que é imposta aos profissionais. Com o advento da tecnologia, o mercado passou a exigir menos força braçal das pessoas. Em contrapartida, a tecnologia exige muito mais da mente das pessoas. Ainda não encontrarmos um equilíbrio para essa realidade que vivenciamos. Inclusive, sabemos que não aproveitamos totalmente o conhecimento que está em nossas "mãos", ou seja, o profissional do conhecimento tem muito mais a dar e, infelizmente, ainda não usamos todo o potencial que está guardado dentro das pessoas.

RH - Além dessas mudanças de perspectivas, também ocorreram transformações em processos específicos?
Willyans Coelho - Uma mudança que gostaria de enfatizar é a utilização da Gestão por Competências que se tornou quase um "mantra" para as organizações. Hoje, observamos que as empresas empenham-se em adotar seleção por competências, avaliação por competências, por exemplo. Muitos já utilizam essa metodologia de forma consistente, com bons resultados. Mas para outros ainda precisam aprimorar essa técnica, que virá cada vez mais facilitar a atuação dos profissionais de RH, pois ela nos possibilita dar um norte às ações dá área de RH. A Gestão por Competência veio para dar uma "liga" a todos os sistemas aplicados em Recursos Humanos.

RH - Quais os fatores que mais contribuíram para as mudanças na área de Recursos Humanos?
Willyans Coelho - Eu diria que as mudanças surgiram a partir de uma necessidade natural evidenciada no meio organizacional. Não havia e nem há mais espaço para amadorismo. É preciso que as organizações adotem processos inovadores para acertar e, sendo mais específico, enfrentar a competitividade. Uma empresa, por exemplo, que conta com uma área de Recursos Humanos que realiza ações isoladas, sem adotar uma gestão integrada, fatalmente desperdiça tempo, dinheiro, esforço e não há mais espaço para que isso ocorra.

RH - Hoje, ser um profissional de RH no Brasil é mais "fácil" do que na década de 90?
Willyans Coelho - De forma alguma. Hoje é muito mais complexo exercer o papel de RH do que anteriormente. Isso porque hoje as exigências são grandes diante do trabalho desenvolvido pelos profissionais de Recursos Humanos, pois as organizações têm consciência da importância desse parceiro estratégico. As empresas estão mais complexas e o RH tem que caminhar junto. Eu diria que não obrigatoriamente é preciso transitar por todas as áreas. O ideal é que o RH seja um profissional generalista, mas se torne especialista em um determinado ponto. Isso certamente irá aumentar sua performance e consequentemente a empregabilidade diante do mercado. O profissional de Recursos Humanos deve tomar como base o momento que vivencia, o tipo de empresa em que ele atua. Só assim ele poderá dar um direcionamento adequado à sua carreira.

RH - Qual o princípio básico para ser um RH estratégico?
Willyans Coelho - É indispensável que o profissional participe das reuniões estratégicas da empresa, mas não apenas esteja sentado, marcando presença física. O RH deve ter a capacidade de influenciar o planejamento estratégico da organização que atua, inclusive apresentando dados concretos de que as ações que ele pretende implantar darão retorno. Deve ainda apresentar os potenciais que podem melhorar o desempenho da empresa. Dessa forma, ele poderá pactuar, participar ativamente do planejamento estratégico e não apenas apresentar ações que contribuam para a organização. O profissional deve ir mais além, apontando soluções concretas, bem como o que pode ou não gerar resultados concretos para a companhia.

RH - Em maio passado, ocorreu a realização do 3º ConviRH - promovido pelo RH.com.br. O e-learning é uma forte tendência nas organizações?
Willyans Coelho - O e-learning já deixou de ser uma tendência e tornou-se uma forte realidade, mais dentro do que fora das empresas. No Brasil, por exemplo, as grandes empresas utilizam a educação à distância muito bem. Em atividades acadêmicas existe uma tendência ao crescimento da utilização do e-learning. Acredito que o ensino à distância vai ser impulsionado pelas experiências das empresas. Além disso, as pessoas despertarão para o acesso fácil às informações que o e-learning proporciona.

RH - O que o Sr. visualiza para a área de RH em curto e médio prazo?
Willyans Coelho - Atualmente, muitas demandas que são feitas à área de RH não são atendidas parcial ou completamente. Existe uma necessidade do RH apresentar uma resposta econômica que dê resultados concretos. Mas resultados econômicos apenas não serão suficientes. No futuro, visualizo que haverá o agrupamento das tendências de resultados com a questão da Responsabilidade Social. Os resultados nas empresas não devem ser alcançados a qualquer custo. Deverá existir uma congruência e, além disso, haverá uma perspectiva ambiental forte para ser trabalhada, desenvolvida pela área. A questão da sustentabilidade ganhará espaço. O grande desafio do profissional de Recursos Humanos será justamente trabalhar essas ações com congruência e nunca de forma isolada.

RH - Que conselhos o Sr. daria para quem atua na área ou deseja ingressar em breve?
Willyans Coelho - Tenho bastante orgulho do trabalho que realizamos no RH.com.br, pois existe uma contribuição efetiva para o desenvolvimento de vários profissionais a cada ano, desde quem já atua na área ou pretende ser um RH. Mas, algo me deixa preocupado - a "moda" de querer encontrar tudo pronto. Recebemos regularmente muitas solicitações de como fazer isso ou aquilo, como se existisse uma receita. Esse comportamento, mais do que desvalorizar a nossa área - achando que tudo é fácil de fazer - traz consigo o impedimento das pessoas se desenvolverem. Gostaria de deixar para as pessoas um conselho: acima de qualquer coisa o profissional tem que se valorizar e isso passa pela busca do conhecimento. Os profissionais de RH precisam ser responsáveis com as empresas, com as pessoas que atuam e, principalmente, consigo mesmos.

Palavras-chave: | Willyans Coelho | RH.com.br | inovação |

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